"Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida."

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O drama de precisar ser atendido no Clériston Andrade

Realmente só sentimos a fragilidade do Sistema Público de Saúde quando algo acontece conosco ou alguém próximo. Hoje (31) foi comigo. Acordei e segui para o trabalho. Chegando lá, o inusitado aconteceu. Fui picada por um animal não identificado no dedão do meu pé direito. Me desesperei ao ver o tamanho do animal, que se debatia no chão. Provavelmente eu pisei nele e a reação foi imediata: ele me atacou.

Apesar de ter plano de assistência à saúde, segui para o Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), pois fui informada que lá possui um setor especifico para tratar pacientes com picadas de animais peçonhentos e, por desconhecer o que tinha me atingido, tomei a decisão correta de ir direto para o Clériston.

Chegando lá, os problemas começaram. Apenas uma atendente atendia na emergência, que não estava cheia. Cinco pessoas aguardavam a atendente, pacientemente, preencher os formulários. Fiz a ficha e segui para o interior do hospital. Isso aconteceu por volta das 6h20 da manhã. Entrei no corredor principal e me assustei com a quantidade de macas aglomeradas pelos cantos. Contei 12.

Pacientes com diversos tipos de doenças, recebendo o atendimento ali mesmo, no corredor. Segui para a sala de medicação e fui informada pela enfermeira de plantão que o médico chegaria em instantes. Ela pediu que eu aguardasse o atendimento sentada em algum banco do corredor.

O aspecto do hospital não é dos melhores. Não pude deixar de registrar dois cobertores jogados num canto de parede e as más condições em que se encontram as macas e os equipamentos em geral. O cheiro nada lembra o de éter a que estamos acostumados sentir em hospitais. Não sei bem definir o odor que exala do Clériston, mas não é agradável ao olfato. Permaneci em pé, aguardando o médico, pois os bancos estavam ocupados por parentes e acompanhantes.

Encosto numa parede e começo a observar o movimento dos corredores. Cheguei no momento da troca de turno e percebi que, independente do substituto chegar ou não, quando dá o horário, o cartão é batido e o posto fica imediatamente vazio. São os acompanhantes que ajudam os pacientes a trocar de roupa. Ali mesmo, no corredor. Com o auxílio apenas de uma espécie de provador móvel, daqueles que a gente encontra em loja de roupas. Fiquei constrangida em vê-los despidos. O mesmo banheiro é compartilhado por homens e mulheres, doentes ou não. E fica dentro da sala de medicação, em frente ao consultório do médico, que ainda não tinha chegado.

Perguntei a um funcionário que passava pelo corredor:

- Cadê o médico? A resposta foi imediata: “Está tomando café”.

Respeitei, pois entendo que o plantão dura a noite toda e o médico também tem o direito de se alimentar. Mas, já passaram 30 minutos e eu ali, em pé, aguardando o atendimento.

E a minha dor? Meu pé doía, estava dormente. Mas, ela ficou pequena diante de uma senhora que chegou gemendo em uma cadeira de rodas. Ela também ficou aguardando o médico.

Perguntei a enfermeira:

- Onde está o médico?

- Está vindo, ela respondeu.

Ouvi essa frase 6 vezes, pois impaciente, fiz a mesma pergunta a funcionários diferentes. 7h40 o médico chegou e logo foi abordado pelos acompanhantes dos doentes. Esperei as pessoas saírem e perguntei se seria atendida logo, pois cheguei primeiro.

Ele me disse que a senhora da cadeira de rodas deveria ser atendida primeiro e eu me senti egoísta por não ter compreendido que ela precisava mais dele do que eu. Aguardei na porta do consultório e vi o momento que ela lutava, sem sucesso, para levantar da cadeira de rodas.

O médico sentou atrás da mesa e permaneceu imóvel observando a luta da senhora e de sua acompanhante (com aparentemente 50 anos) para colocá-la na maca, que estava sem lençol. Meus olhos não acreditaram quando viram a senhora subir na cadeira de rodas para alcançar a maca, pois a escada não estava presente. Enfim, depois de um tempo, ela conseguiu.

O médico fez o atendimento em menos de 15 minutos e logo me chamou. Entrei e permaneci em pé. Sinceramente, não queria sentar naquela cadeira suja e com o forro furado. Mas, ele pediu que eu me sentasse. Ele me perguntou do animal e eu o informei que não conseguimos capturá-lo. Ele disse que, aparentemente, não era nada e eu acreditei. A essa altura, se fosse um animal peçonhento, eu já teria apresentado sintomas de febre, tonturas, o que não aconteceu.

Ele afirmou que eu não tinha necessidade de tomar antídoto, me passou um analgésico, e recomendou que eu permanecesse um tempo em observação. Peguei a receita e segui para a sala de medicação. Em um canto, um homem deitado numa poltrona antiga recebia soro. A única maca presente estava ocupada pela senhora da cadeira de rodas. Sobraram dois bancos, para eu e mais três pessoas. Entreguei minha receita para a enfermeira e aguardei.

Enquanto aguardava o remédio comecei a pensar no quanto sou sortuda por possuir um plano de saúde e não precisar passar por uma situação dessas sempre. É humilhante. Os funcionários, enfermeiros e até os médicos mal olham no nosso rosto. Lembro de uma enfermeira ter dito para sua substituta na troca de turno:

- Tá tudo certo, nada de anormal.

Fiquei paralisada com a informação. Como tudo certo? Só posso ter perdido o conceito de certo e errado, pois não considero certo, nem humano, uma pessoa ficar horas em um corredor aguardando atendimento. É um direito que assiste o cidadão, não é um pedido. Só tinha uma enfermeira atendendo, eu não aguardei a medicação. Não esperei a ficha. Saí do hospital o mais rápido que pude e voltei para o trabalho em prantos. 

Chorei por mim, por medo de ter alguma reação à picada. E chorei muito mais pelas pessoas que passam por isso todos os dias.  Me senti impotente, pois fazer esse relato, no momento, é a única forma de mostrar a minha indignação com os serviços de saúde que são oferecidos ao cidadão.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Ressaca


Domingo eu acordei com um péssimo humor. Não tive vontade nenhuma de levantar da cama. O cansaço e a dor de cabeça denunciam: estou de ressaca. Os pés estão sujos (nem banho tomei), os olhos borrados, a boca seca, o cabelo com cheiro de cerveja. É, a noite foi boa. Ou não. Começo a me lembrar de alguns fatos. Era para ser apenas mais uma saída com as amigas. 
Fomos para uma casa de shows famosa na cidade pela mistura de estilos. Você pode dançar arrocha, forró, rock, samba, tudo na mesma noite. Eu, particularmente, não gosto de lugares assim. Fico nervosa com mistura de ritmos. Por exemplo, quero sair para dançar forró e dançar forró a noite inteira. Mas, o lugar é bem frequentado e, onde eu vivo, isso é raro.

Estava deprimida porque perdi o emprego, meu cabelo estava desarrumado e minha unha por fazer. Não adianta. Mulher sabe o estrago desses fatores na nossa auto estima.  Não tem roupa que fique bem. Nada te anima. 

Fiquei quieta num canto, tomando todos os drinks que apareciam na minha frente. Comecei com cerveja, passei para o Whisky, migrei para a Vodka e daí não me lembro mais. Sei que estava mudando mais de bebida que o DJ de música.

A vergonha passou, o cabelo era o mais lindo do ambiente, a unha estava reluzente. Os passinhos estranhos começaram a aparecer. Só um bêbado sabe como é dançar como se ninguém estivesse olhando. Só um bêbado sabe que, depois da sensação de liberdade, vem a vergonha. 

Nesse momento, abro a cortina do quarto e o sol arde meus olhos. Flashs começam a surgir na minha cabeça. Danças até o chão, risadas exageradas, paqueras fora do padrão. O ruim não é beber. É o que você faz enquanto está sob o efeito do álcool. Coisas que os outros alcoolizados acham lindo e, os sãos, repudiam. E os beberrões atuais ainda lidam com outro problema: tudo que você faz é fotografado, filmado, gravado. E você pode ser pego desprevenido.

Imagine a cena. No momento que você está beijando o paquera, três meninas se fotografam na sua frente. O que acontece? Seu beijo estará estampado em orkut’s, facebook’s e afins. E ainda tem o famoso: “Não tira foto. Estou aqui escondida(o)”.

Levantei da cama, as pernas tremendo, o quarto girando. Abro a porta e vou direto para o banheiro. O vazo é convidativo. Vomito tudo o que meu estômago guardava. Quando penso que nada pior pode acontecer, minha mãe sai do quarto dela e pergunta: 

- Cadê o meu sapato?

Eu saí com o xodó de minha mãe, o sapato que ela mais ama. Recebi todas as recomendações possíveis e, estava fazendo tudo certinho no começo. Imediatamente sigo para o quarto e só encontro um par. Tento conter meu desespero.  

- Devo ter esquecido no carro de meu amigo. 

- Ah, ligue para ele e pergunte.

Ligo para minha amiga primeiro.

- Amiga, quem trouxe a gente para casa?

- Foi Leandro.

Ligo para Leandro e pergunto se ficou um pé de sapato preto feminino no carro dele. A resposta foi negativa. O detalhe é que as dores passaram, o corpo já estava ativo. Talvez pelo desespero de ter que pagar outro sapato para minha mãe e ela nunca mais me emprestar nada.

Começo então uma busca insana pelo par de sapato perdido. Ligo para todas as amigas que estavam comigo e, no meio, da confusão, sinto uma coisa estranha na minha bundinha (não gosto da palavra bunda). Quando olho no espelho, um arranhão enorme. Não sei de onde ele veio, mas ignoro e continuo a procurar o sapato.

Minto para minha mãe e digo que o sapato está a salvo no carro de Leandro. Vou tomar banho, lavar a cabeça. O corpo está tão desidratado que, até a água que cai do chuveiro dá vontade de beber.

Saio do banho, vou para a cozinha, pego um pão, uma xícara de café preto e sigo para o quarto. No corredor, aparece minha mãe com os dois pares de sapato na mão.

Não sei se fico feliz, triste ou desesperada. Estou aliviada, mas não sei como o sapato foi parar lá em casa.
Fico indignada com ela:

- Tava mentindo para mim, foi? Onde estava o sapato? 

E ela mais irônica que o filme "Ironias do amor", responde:

- Pois bem, Cinderela. O sapato estava na janela do playground. Segundo sua amiga, você esqueceu a chave, pulou a janela e deixou um pé de sapato cair. Ela veio trazer o sapato aqui logo cedo.

Dito isso, ela caiu na gargalhada. Fiquei morta de vergonha e entendi o machucado na bundinha. Prometi parar de beber pela enésima vez e voltei para dormir, que o domingo era longo e meu corpo precisava se recuperar da noite anterior.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A palavra-chave do momento é incoerência?

Sabe aqueles dias em que a gente tem a impressão que quer fazer uma coisa, mas as nossas atitudes apontam para caminhos contrários? Ou quando a gente diz que vai fazer uma coisa, mas faz do avesso? Pois é, este é o período, mas não tende a ser algo particularmente ruim, basta ter consciência da tendência para saber controlar-se melhor. Ao perceber sua própria tendência contraditória maior que o normal neste momento, você poderá domá-la, disciplinando-se devidamente. Então, pense: até que ponto você não está agindo com muita dureza em relação aos seus próprios defeitos?
Morro de medo de horóscopo. Mesmo sabendo que outras milhares de pessoas podem ler a mesma coisa. Sempre que leio meu horóscopo, fico tensa. Tem épocas que eu acredito muito no poder do signo. By the way, sou câncer. (O dramática fica por sua conta, rs.) Outro dia falo sobre minha personalidade e como ela combina com a descrição do signo de câncer. Mas, agora que falar especificamente do que diz meu horóscopo hoje.

Coincidência ou não, eu estava pensando exatamente isso ontem a tarde, enquanto assistia o DVD de Vanessa da Mata. Isso antes de ser interrompida bruscamente por uma ligação de minha mãe, me informando que uma mulher foi encontrada morta próximo a minha casa. Resultado: deixei meus devaneios de lado e fui trabalhar.

Retornei o pensamento na hora de dormir. Daí, hoje li isso no horóscopo e me apeguei a essa palavra: contradição.

Quantas vezes eu digo que não vou fazer uma coisa e termino me deixando levar pelos acontecimentos. Ontem eu disse que não iria sair de casa nem com um decreto. Uma amiga chegou, insistiu e eu terminei indo pro shopping com ela. Isso parece besteira, né? Mas, não é. Assim como eu não controlei isso, outras tantas coisas que eu quero fazer, são postas de lado, por uma simples contradição entre pensamento e ação.

Saí com minha amiga. Era para passar apenas uma hora fora de casa. Ela perdeu a chave do carro (pois é), tivemos que esperar a reserva. Depois fomos comer. Resultado: cheguei em casa tarde e tudo que eu tinha programado foi desfeito. Meu quarto continua desarrumado, meu livro continua sem ler e eu continuo sem pensar direito na vida.

Gente, tem coisa melhor que deitar na cama e ficar pensando na vida? Ainn, eu adoro. Chego a conclusões, resolvo conflitos internos. Quem não pratica, eu aconselho. Converse com seus botões, é muito bom. As vezes, eu piro demais, tento mentir para mim mesmo, mas faz parte do processo de autoconhecimento, rs.

Então, pense: até que ponto você não está agindo com muita dureza em relação aos seus próprios defeitos?
Essa frase pode parecer meio solta, mas dentro do contexto que estava escrita, me fez pensar muito e esclarecer alguns pontos obscuros nesse meu novo caminhar. Mesmo sabendo que as pessoas, todas elas, são repletas de defeitos, os nossos são os que menos toleramos. Como é ruim errar, einh? A sensação de fazer algo de errado, de ruim, fere, machuca, dói de uma maneira inexplicável. E, então, ficamos ali, nos punindo, nos torturando. E o erro sai corroendo tudo, tomando conta dos nossos pensamentos. É nessa hora que você tem que parar e pensar: Pára de loucura, gata, rs.


Errou? Conserte. E pare de ficar se punindo apenas, sem tomar nenhuma atitude para consertar o erro.

Mas, antes de tudo, temos que ser senhoras de nós mesmas. Mandar no nosso coração, nas nossas emoções e nas nossas ações. "Ai eu não resisti", não engana mais ninguém. Se quiser resistir, resiste. Se quiser não vai no shopping com a amiga. Se quiser, não faz a ligação indevida.

Com esforço, dedicação e muiiito amor próprio poderemos, alinhar os nossos pensamentos e ações, buscando sempre o melhor, cuidando da nossa morada, cuidando do nosso coração.

Uma amiga me disse "Não há lugar melhor para viver do que em nós mesmos. Cuide da sua morada". Então gente, vamos cuidar da gente, que assim estaremos cuidando do mundo.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Beijo suado

“Eu não acredito que ele veio.” É o que eu penso quando vejo o celular vibrar insistentemente. Corro pro espelho do banheiro, arrumo o cabelo, conserto a blusa. Pronto, agora estou pronta. Subo apressadamente as escadas do prédio e quando chego no playground paro, esperando que ele venha até mim conversar algo.

- Oi. Tudo bem? Ele disse.

Beijo de um lado do rosto, beijo do outro. Será que ele tá percebendo que eu estou morrendo de vergonha? Ai Meu Deus, porque estou tremendo tanto? A gente já se encontrou, não rolou nada, mas já nos falamos pessoalmente várias vezes.

- Tudo bem e você? Como foi a aula hoje? Nossa a minha aula hoje foi super estressante, não sei até quando vou aguentar isso não viu? É muito complicado. Estou ansiosa com os vestibulares que vêem por ai. Falei para você que passei...

Meu Deus, porque eu não paro de conversar? Ai esse menino vai me achar uma tagarela, e eu não consigo parar. Por que eu não deixo ele responder o que perguntei? E ele fica ai com essa paciência toda, ninguém merece. É porque é começo, bem que minha mãe diz, as pessoas só suportam minha “tagarelisse” um tempo, depois me mandam calar a boca. Acho que ele está louco para me mandar calar a boca. Cala a boca Roberta!!

- Sabia que seus brincos são lindos? Acho bem legal esses furos em sua orelha.

O que? Eu aqui discursando sobre literatura, pânico com a chegada do vestibular e meus brincos são lindos? Ai meu Deus, me beija, me beija. Já tá tarde e ele só acha esse brinco bonito porque tá de noite e não dá pra ver o brinco todo mareado e os rasgos na minha orelha. Como vou aparecer para ele de dia? Nunca!! Agora a gente só fica a noite.

- Obrigada.

E me aproximo mais dele, ele de mim, e a gente começa a se beijar. E os beijos ficam mais intensos. Ai...ele faz um carinho gostoso nas minhas costas. Ainda bem que ele não é ousado. Não quer ir logo pegando na minha bunda, nem no meu peito. Esse é respeitador. Gostei muito viu? Nossa e beija bemmm... e porque eu não consigo para de pensar e simplesmente beijo. Ai meu Deus, nem eu me agüento, vou me concentrar agora no beijo.

- Roberta!!! Entre agora. Isso não é hora de você ficar no meio da rua!!

- Mãe...

Não acredito que minha mãe se deu ao trabalho de sair da cama pra estragar meu beijo. Olha pra cara, tonta de sono, usando minha pantufa nesse chão imundo, toda enrolada numa coberta. Eu não mereço essa visão meu Deus. Pela cara dela, a coisa vai ficar feia quando eu entrar em casa.

- Espera cinco minutos...

- Estou esperando.

O que ela tá fazendo parada na porta? Pelo visto esperando. Porque ela não entra? Que vergonha meu Deus. O que ele vai achar? Que sou uma criança. E no meio da rua? Quem disse que playground é meio da rua? Eu quero beijar, ai que ódio de minha mãe, que vontade de morar sozinha. Acho melhor eu entrar. Esse menino também não pára de rir.

- Tenho que entrar. Xau.

Nem um beijo. Nada. Nem esperei ele me dar boa noite. Passei pela porta do prédio igual um foguete, e minha mãe vem atrás arrastando a pantufa calmamente. Como pode? Depois de estragar meu beijo, minha noite. Também não vou mais falar com ela, nunca mais. Entro no quarto e tranco a porta. Pronto.

- Abra a porta Mel pra gente conversar.

Mel, ainda me chama de Mel. Mel uma porra. Mel é só quando estamos bem e agora estamos mal. Muito mal.

- Oi. O que é?

- Minha filha eu faço isso pro seu bem. O que ele vai pensar de você no meio da rua, uma hora dessas. Não fica bem, mande ele entrar aqui em casa na próxima vez. E beijando ele na frente de todo mundo. Não fica bem Mel, você terminou um namoro tem pouco tempo, tem que esperar um tempinho.

- Tá mãe, boa noite. Xau. E devolva minha pantufa.

Aiiiiiiiiiii, porque ela me faz sentir isso? Porque não simplesmente falou que era pra gente entrar? Terminei um namoro tem quase 5 meses, tenho que ter resguardo é? E beijando na frente de quem? Dela que fica olhando a vida alheia, isso sim. Devo ligar pra ele? Ou espero amanhã? Acho melhor nunca mais falar com ele. Vergonha da porra... quem será uma hora dessas? Pera. Esse aqui não é meu celular.

- Alô?

- Roberta. Sou eu, esqueci meu celular na sua mão. Posso ir pegar? Agora vê se tua mãe já dormiu está bem?

- Pode vim. Fico no play esperando.
Bendita tecnologia. Bendito celular. Agora sim, vou me concentrar no meu beijo. Tomara que minha mãe não apareça. Tomara que ela durma com os anjos. Onde já se viu, ao invés de dormir, fica inspecionando a vida dos outros. Sou filha pow, não propriedade. Ai que beijo bom!!


(Texto feito em 12 de maio de 2008. A história é real, com algumas adaptações)

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Meros devaneios tolos


Andei pensando nas relações atuais, em que nós transformamos as nossas relações. Digo nós, porque já vivi várias partes de uma mesma história.

É incrível o quanto a gente vive em função da internet. Eu não sabia isso até ter um choque de realidade e, perceber, o quanto eu me deixava manipular, influenciar por ela. Daí, ela passou de um objeto de trabalho para uma obsessão, uma segunda vida, e, em algumas vezes, tomou o primeiro lugar em tudo.

Fiz um flash back e percebi o quanto minha vida mudou com a internet. No começo era o mirc, nunca esqueço o Betynha_FSA (rs), depois veio o MSN e meu primeiro nick tinha tanto caractere que hoje eu nem sei pronunciar, rs. Tirando a parte dos nicks, o que quero dizer é que mudanças significativas aconteceram quando a internet passou a fazer parte dos meus dias. Perdi as contas de quantos sábados eu deixei de sair para ficar online, quantas pessoas eu conheci virtualmente e nunca saíram dessa esfera, e tantas outras que eu conheci e tenho amizade até hoje.

Quantas vezes conversei sobre coisas que jamais teria coragem de falar pessoalmente? Quantas e quantas vezes, já disse eu te amo da boca pra fora, escrevi rsrsrs, sem dá um pingo de risada, achando a pessoa a maior chata? Quantas vezes compartilhei coisas pessoais, só porque precisava desabafar e a tela do computador me parecia mais acolhedora do que minha mãe ou minha irmã, que estavam no quarto ao lado?

Perdi as contas...

Perdi as contas de quantas conversas virtuais serão levadas para sempre, pois ultrapassaram a tela e, no momento, valeram mais do que algumas que tive pessoalmente. Perdi as contas de quantas besteiras, sounds, músicas, declarações e promessas, eu compartilhei na internet.

É incrível como você não tem controle pelo que fala ou diz no mundo virtual. Como você pode ser mal interpretada por quem não sabe o contexto de determinada afirmação. Um “tá bom” sem o smile =) já é sinal de que você está chateado. A internet é uma faca de dois gumes, afasta e aproxima ao mesmo tempo.

Mas, o ponto é: a internet virou uma arma de guerra? A mensagem do MSN poderia ser: digite aqui sua indireta pessoal. O facebook, o orkut e o twitter viraram verdadeiras armas de combate. Tá todo mundo feliz, bonito, cheio de amigos e poesias. Não basta fazer, tem que mostrar, fotografar e compartilhar tudo, para todos. 

Não me isento, já fiz muito isso, continuo fazendo. Embora esteja me ponderando mais, me desintoxicando dessa “coisa” que, quando mal usada, é muito nociva para a nossa saúde mental e física.

Se você termina um relacionamento, tudo que posta soa como indireta para o ex. Se brigou com a amiga, para de curtir os status dela, ou então, deleta da sua lista de amigos. É incrível o poder que tem o “deletar” na nossa vida. “Aí amiga, deletei ele do MSN, do orkut, do face, de tudo, não quero mais”. O incrível é, que, deletar do coração, demora muito mais do que uma atualização de página.

Enfim, só precisava expor um pouco do que sinto hoje em relação a internet. O quanto ela me ajuda profissionalmente e pessoalmente. Mas também me prejudica (e já me prejudicou muito).

Como demorei em deixar de jogar buraco online e cityville, rs. Atrasando meus trabalhos e perdendo o sono. Dá raiva só de lembrar...rs

Vamos aproveitar a internet e suas maravilhas, mas não vamos deixar de ser quem somos, porque virtualmente nos achamos mais legais, mais descolados...

Porque pessoalmente, diariamente, quando estamos nos piores dias...

Um “Curtir” não substitui um abraço, um beijo amoroso...

Vamos ser reais (digo isso para mim todo dia)




E SE NÃO FOSSE COLBERT?


Diante da prisão do ex-deputado federal Colbert Martins da Silva Filho e da defesa total de quase toda a comunidade feirense (leia-se, jornalistas, empresários e políticos), alguns fatos me chamaram a atenção, como o questionamento da ação da Polícia Federal (PF).

Até o momento, no ano de 2011, a PF fez 141 operações em todo o Brasil, totalizando 923 prisões, sendo 137 de funcionários públicos e 4 de policiais federais. Na Bahia, foram 7 operações. As operações Radar e Susto, em Ilhéus, com quatro presos. A operação Monte Pascoal em Salvador, Serrote e Caroá II, em Juazeiro, com quatro presos, além das operações Cerco Fechado, com 21 presos e Bancarrota, com 15 presos. A operação Bancarrota expediu mandatos de prisão preventiva em Feira de Santana e São Gonçalo dos Campos. Em todas as operações, ela utiliza o mesmo padrão de abordagem.

Sobre as algemas: é fato que a utilização das algemas, em alguns casos, é necessária, mas não pode ser feita de forma indiscriminada e sem critério. O Plenário do Superior Tribunal Federal (STF) aprovou em 2008, a 11ª Súmula Vinculante, consolidando jurisprudência da Corte, prevendo a aplicação de penalidades se houver abuso físico e moral do preso. Leia a íntegra do texto:

Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. 

O que acontece é que esse caso só causa discussões quando nomes importantes do cenário político nacional são presos. É preciso que se tenha uma regulamentação específica, para extinguir as interpretações tendenciosas sobre o tema. Enquanto isso não acontece, ora as algemas são vistas como fundamentais e, em outros momentos, ela é vista como símbolo de repressão, dependendo de quem foi preso.

Voltando a falar de Colbert, sua prisão contradiz todo o seu histórico político. Filho de Colbert Martins, tradicional político de Feira de Santana, ele foi deputado estadual em 1990, três vezes deputado federal e assumiu o cargo de secretário Nacional de Turismo em maio de 2011. É médico e professor licenciado da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Colbert nunca esteve envolvido em polêmicas políticas, trabalhando, especialmente, para o município de Feira de Santana, como no Projeto que cria a Região Metropolitana.

Tomando nota desses fatos, vamos falar de jornalismo. Um fato deve ser repensado. Perdoem-me os que conhecem e acreditam em Colbert. Eu também acredito. Mas a condução do fato por alguns veículos de comunicação de Feira fere um principio básico do jornalismo: a imparcialidade.

Acreditar na inocência de Colbert é natural, diante da sua história política e das lutas em prol de Feira. Mas não posso me isentar do direito de dizer que alguns jornalistas perderam a “mão” nos comentários sobre o caso.

Questões e crenças pessoais feriram o princípio de ética do jornalismo. Além de “cegar” alguns para a realidade dos fatos. Assim como Colbert, outras 36 pessoas foram presas, esperando o esclarecimento das denúncias para retornarem às suas vidas. Muitos pais, mães e cidades inteiras podem estar chorando e defendendo a inocência dos seus conterrâneos, tal qual Feira de Santana.

Quantos pais e mães choram vendo as fotos de seus filhos inocentes (ou não), estampados nas capas dos nossos sites e jornais. Fotos que revelam suas fraquezas, sua dor. Fotos de pessoas sangrando, mortas, presas. Por que dói menos quando não conhecemos o personagem da notícia? Pois é. Colbert é personagem de uma notícia triste sobre a corrupção no nosso país. Há poucos dias, o foco não era o Ministério do Turismo, mas o Ministério dos Transportes e o Ministério da Agricultura. Quantos “Colbert’s” (me perdoem a escrita) podem estar no meio desses escândalos? Quantos, aparentemente, entraram de “gaiatos” no navio da corrupção e até hoje não tiveram a chance de provar a sua inocência?

Será que se fosse outro político da nossa cidade, na mesma situação, os comentários seriam esses? Ou, por ter um temperamento mais intempestivo, algum escândalo na sua carreira, seria acusado e apontado como ladrão? O fato é: Colbert foi detido para prestar esclarecimentos. Com a situação resolvida, ele irá explicar à sociedade o que aconteceu e é certo que, se ele for inocente, esse fato não manchará sua carreira. Mas não se pode criticar quem, independente de preferências pessoais, preza pelo bom jornalismo, apura os fatos e os divulga de maneira imparcial, contribuindo para a criação do senso crítico da sociedade. Pois nós somos comunicadores e temos, acima do compromisso com Colbert, o compromisso com a sociedade, que acredita e dá credibilidade ao nosso trabalho.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Reativando...

Agora é para valer. 
(Re)descobri o prazer de escrever, de ler, de opinar.
Tava tão calada...
Talvez por não ter honra e mérito para falar de nada, nem de ninguém.
Talvez por achar que minha opinião seria apenas mais uma no meio de outras tantas...QUE SEJA! Não posso me furtar o direito de expor o que penso, não posso guardar para mim, reflexões que podem contribuir para o crescimento de alguém.
Agora, irei me policiar e postar pelo menos três vezes por semana. Textos e textos estão guardados, arquivados, "gritando" para serem lidos. Escritos em momentos distintos. Momentos bons, outros nem tanto, momentos de calma, de introspecção. Muitos foram os momentos de raiva, angústia e dor. Todos foram eternizados em palavras, em histórias.
Em alguns textos, estará presente a Roberta jornalista, em outros, a publicitária, a modista, radialista, produtora. Em outros, deixarei aflorar meus sentimentos mais internos, tecendo comentários sobre coisas pessoais, momentos, pessoas...Mas, em todos (sem exceção), estará a Roberta, que está se descobrindo aos poucos, que voltou a sorrir em paz.
É chegada a hora da colheita...