"Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida."

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Somos descartáveis?

Há algum tempo, uma pessoa muito querida me disse, enquanto discutíamos, uma frase que demorei meses para digerir e compreender:

- Para você as pessoas são superficiais. Pelo fato de você ter muitos amigos, você descarta as pessoas com facilidade.

Aquilo doeu, engasgou de tal forma na garganta que eu nem podia vomitar. Guardei então. A amizade não durou, certamente pela dor que essas palavras causavam até um tempo.

Hoje não, enfim elas foram digeridas.

O que fica é o questionamento. Será que estamos mesmo tratando as pessoas como descartáveis? Como uma dose que tomamos e quando saturados não queremos mais?

Me policiei, olhei ao redor e também para minhas relações e percebi que estamos desgastados. Não queremos mais perder tempo com amores ou amigos com problemas. Não temos tempo para pedir perdão pelos nossos erros, para tentar resolver algo que nos incomoda. Jogamos fora e então procuramos o próximo. O novo. Aquele que vem, a princípio, sem problema, sem limitações e falhas.

Apenas o novo. Isso nos interessa. E aí está o grande problema da nossa geração. As relações duram pouco porque não temos mais paciência para amadurecê-las.



Talvez pareça mesmo que a gente tenha muitos amigos. Que engano. A amizade e o amor são regados com a ajuda preciosa do tempo. Com sabedoria e uma dose muito grande de paciência.

Paciência para conviver quando você quer distância, paciência para esperar a raiva passar, para o outro voltar a ser aquela pessoa que um dia te encantou, que te ajudou, que te reergueu em algum momento difícil.

Que saibamos cultivar as nossas amizades, mas que também a gente saiba a hora de parar. Diferenciar o que devemos cultivar do que devemos podar é o primeiro passo pra uma vida mais leve, mais feliz.

Não, não somos descartáveis! 'Não somos likes, nem comentários, nem seguidores' e precisamos de amor (em doses extravagantes).

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